Confesso que eu me divirto acompanhando a criatividade dos proprietários e das pessoas que frequentam esses estabelecimentos. As tavernas acompanharam a expansão do Brasil continente adentro. “Assim como as igrejas, elas estão na raiz da fundação das cidades brasileiras”, diz Lucas Brunozi Avelar, do Laboratório de Estudos Históricos das Drogas e da Alimentação da USP. Quem também passou a fazer bebida nessa época foram os monastérios. Não por alcoolismo dos monges, mas porque era do comércio de vinho que essas comunidades religiosas tiravam seu sustento.
A cena de bares é plural, democrática, abrangente, sempre cabe mais um, puxa uma cadeira, chega mais. Na virada para o século 20, cafés e restaurantes se popularizaram nos grandes centros urbanos. Inspirados pela cultura europeia, eram lugares sofisticados, frequentados pela elite. Muitos, inclusive, passaram a acompanhar o horário dos trabalhadores, abrindo de manhã para servir café, comida – e, para os mais perdidos na vida, uma cachacinha.
No Brasil
O home bar é um espaço dentro de casa destinado ao consumo de drinks diversos diretamente do aconchego do seu local de descanso. A ideia é trazer ao máximo a experiência de um bar para um espaço mais intimista, e que de quebra ainda fica a cara do morador. Pub é um estabelecimento típico de países de influência britânica, onde são vendidas refeições rápidas e bebidas alcoólicas, sendo a cerveja a principal bebida. Dentre os tipos de cerveja, os tipos Ale, Lager e Escura são os comuns nos pubs.
As tavernas surgiram por aqui logo nos primeiros anos do Brasil Colônia. Eram precárias, com pouca mobília e repletas de cobras, mosquitos e morcegos. Afinal, elas ajudavam a garantir a instalação dos colonos, servindo de posto de abastecimento e para fechar acordos com os povos indígenas. Esse fato pode acarretar, não apenas em problemas jurídicos, mas também, na mudança obrigatória do nome, retrabalho em decoração, louças e brindes e no reposicionamento da marca, já que o cliente precisará reconhecer o seu bar por um novo nome.
O chão era de areia com um trilho de latão, e havia penicos espalhados para cuspir tabaco. Os primeiros bares do meio-oeste americano não passavam de tendas com barris de uísque de baixa qualidade mais latas de ostra e de sardinhas em conserva trazidas da costa leste. Conforme as cidades cresciam, novas destilarias e bares abriram.
Vale lembrar que não precisa comprar tudo em uma única vez. A ideia aqui é planejar os drinks que desejas tomar e, aos poucos, ir adquirindo as bebidas. Assim, tu não compras nada em excesso e aproveita para fazer testes de mixologia em casa.
Press Bar e Restaurante
Não há frescuras no Bagaceira, que mantém viva a lembrança do Bar do Sena, que fechou as portas durante a pandemia e foi assumido por Thiago Meda e Thiago Pereira (responsáveis pelo premiado Koya88). Da cozinha saem desde PFs até clássicos, como língua com mandioca; no bar, brilha o Chá Para Acalmar, com gim, abacaxi, pêssego e limão siciliano. Patrimônio Cultural Carioca, o Bar Urca foi fundado em 1939 e está desde 72 sob o comando da mesma família, que serve pasteiszinhos, empadinhas e outros petiscos sempre acompanhados de cervejas extremamente geladas.
Sem luxo algum, como convém aos tradicionais botequins do Rio de Janeiro, virou ponto de encontro de músicos, atores e demais profissionais da classe artística, além de chefs e bartenders. Não à toa, acaba de ganhar o título de Patrimônio Cultural Carioca, por decreto do prefeito Eduardo Paes, que tem um fraco por estabelecimentos do tipo. Curitiba recebeu neste ano um speakeasy em que o endereço realmente só é revelado durante a reserva. Sob comando do bartender Igor Bispo, a casa apresenta uma carta com mais de 30 coquetéis, dos quais pelo menos 13 são invenções de Bispo.
Vamos à lista?
O menu de drinks tem clássicos e outras criações exclusivas, como o refrescante Lemirinha (34 reais) com cachaça branca, limão siciliano, xarope de gengibre e bitter de laranja. Situado discretamente atrás de uma floricultura nos Jardins, o Flora é um speakeasy que, apesar de cadeira estofada seu espaço estreito, emana uma atmosfera calorosa que combina gastronomia e a coquetelaria. O menu segue uma abordagem franco-brasileira, apresentando iguarias como coxinha de galinha caipira (um trio por 32 reais) e croquetas bourguignon (duas unidades por 34 reais). Quanto aos drinks autorais, eles incorporam infusões florais, inspiradas no próprio nome do bar. Destaque para o premiado Botanic (53 reais), uma combinação de vodka, mix de lima e limão, xarope de açúcar e espuma de jambu com cardamomo, que exemplifica a excelência das criações da casa. O Lardo une sebo e bar em uma decoração que muito provavelmente lembra a sala de algum amigo seu.
Escreve sobre a cultura carioca e o que acontece de novo nas ruas do Rio. — E para ficar ainda mais legal, tem uma roda de jongo — conta a proprietária Dida, ao lado de dois dos seus filhos que trabalham no bar. Mas sim, quanto mais glamour e elegância conseguirmos passar para o nosso convidado, melhor será a sua experiência em degustar um coquetel.
Na língua suméria, um estabelecimento do tipo era chamado de ec-dam. De qualquer forma, ele guarda semelhanças com seus sucessores – do pub medieval ao boteco do happy hour. A produção em massa de bebidas alcoólicas é tão antiga quanto a civilização.
Uma recomendação que merece destaque é o Curto (40 reais), uma criação que combina água de tomate e molho de ostra, acentuada pelo toque cítrico do limão siciliano, jerez fino, e finalizada com o frescor do sorbet de salsão. Para acompanhar, as torradas são uma excelente opção, especialmente a versão com manteiga e anchova, disponível por 75 reais a porção. Para além do balcão de bebidas, o bar tem opções para comer, como o Club Sandwich (65 reais), feito com salmão defumado, maionese de wasabi, ovo poché e avocado no brioche, e o sanduíche de carpaccio (39 reais). E, se o SubAstor estiver cheio, outra parte do bar pode se revelar atrás de uma cortina, com mais mesas e cadeiras. Da 17a posição em 2022, o Caledonia Whisky & Co. conquistou a quinta colocação neste ano.
Nem precisa ter muitas opções, pois, na maioria das vezes, acabo comendo aquele prato de comida que conforta, que tem carinho. E mesmo que eu encontre a mesma bebida em outro lugar, no meu bar ela desce melhor. Não necessariamente é a melhor bebida, mas é a que eu gosto.